A etapa actual do capitalismo tem vindo a impor adaptações ao sistema económico-social. Nos anos 70/80 novos mecanismos de regulação como o GATT, o FMI e o Banco Mundial, manifestavam já uma tendência para a reorganização geral da geopolítica das grandes empresas e dos partidos políticos no poder.
Esta tendência tornou-se mais marcante e visível na última década. Hoje, são já evidentes os resultados de uma sociedade informacional com sucessivas deslocações do capital financeiro, gerando uma maior internacionalização do processo produtivo.
As consequências dessa orientação do capital financeiro, aparecem claramente na gestão através do "toyotismo" das empresas, que veio substituir a antiga gestão "fordista".
Actualmente, a flexibilidade e a multifuncionalidade são apanágio das novas "empresas rede" em que os accionistas anónimos emprestam ao capital financeiro uma estratégia mundialista que desfaz as veleidades autonómicas das burguesias dos estados-nação.
Nesta mundialização económico-social há uma necessária reorganização territorial que se expressa nas propostas de metropolização urbanística e nas morfologias supra-modernistas da arquitectura dos nossos dias.
A globalização, ou seja a nova etapa da mundialização capitalista dirigida pela nova coordenação internacionalista dos grandes monopólios, exigiu uma igualização massificadora de modos de vida, de "cultura" global e consumismos igualizadores. Nas grandes superfícies comerciais e nas grandes produções mediáticas de "enterteinment" passam modelos homogeneizadores de modos de vida e pensamento único.
Contudo, à homogeneização mundialista das grandes empresas cada vez mais concentradas na mão de minorias proprietárias, contrapõe-se a fragmentação do mundo cada vez mais desigual.
Enquanto se concentram as riquezas em fracções cada vez mais restritas da população, aumentam os marginalizados nas sociedades economicamente dominantes. E, enquanto zonas geopolíticas esbanjam e ostentam mais riqueza, aumenta o fosso da pobreza e destruição noutras áreas do globo.
Os antagonismos essenciais da natureza injusta do capitalismo mantêm-se. Agravam-se até, muito embora os mecanismos de regulação aparentem "resolver" os sintomas da crise larvar e estrutural da sociedade baseada na exploração e lucro.
A globalização não corresponde pois a uma solução estrutural da sociedade.
Apresenta-se como uma reformulação na gestão desses antagonismos estruturais. E, se em certos locais esses sintomas de crise parecem estabilizar-se é porque noutros domínios a brecha está a agravar-se.
Ora, uma das rupturas que mais se manifesta é gerada pela contradição entre este modelo produtivo do capitalismo (civilização baseada na exploração de energias fósseis e numa tecno-ciência poluitiva e destruidora de bens naturais) e a biosfera cujos recursos são limitados e cuja capacidade de reciclagem não se coaduna com a velocidade e a forma destruidora desse modelo urbano-tecnológico.
Chamaremos "planetarização" à consciência ecológica cada vez mais alargada das populações face ao ritmo destruidor dos ecosistemas, produzido pelo modelo civilizacional actual.
Esta planetarização constitui uma força cada vez mais presente nas aspirações das populações e será um factor de mobilização crescente contra o processo da globalização, transportando as aspirações mais significativas de mudança civilizacional.
Interessa, desde já, mostrar alternativas eco-técnicas e eco-tópicas que, articuladas e inseridas nas lutas cívicas, revelam a vontade de realizar novas alternativas no território.
É preciso, cada vez mais, que as lutas cívicas se traduzam em dispositivos topológicos alternativos às morfologias carcerais e alienantes do território actual.
É preciso que as escolas de arquitectura e urbanismo ultrapassem o ensino de propostas de carácter formalista. São necessários projectos que não sejam apenas a expressão duma oratória morfológica ao discurso do poder.
É necessário que os técnicos e cientistas estabeleçam rupturas na tecno-ciência revelando alternativas eco-técnicas: protótipos de produção de energias alternativas, motores de energias renováveis, biotecnologias de reciclagem de lixos, etc.
É cada vez mais necessário que experiências exemplares irrompam, não como "guetos" utópicos mas como experiências dinâmicas que ganhem, cada vez mais, largos sectores da população.
As eco-polis, as eco-aldeias, as cidades educadoras, são propostas já existentes que contêm ideias, realizações e estímulos para um processo-estratégia, que dê expressão a novas aspirações e que acabe com a resignação reinante da submissão à globalização neo-liberal que anda por aí à solta.
Esta tendência tornou-se mais marcante e visível na última década. Hoje, são já evidentes os resultados de uma sociedade informacional com sucessivas deslocações do capital financeiro, gerando uma maior internacionalização do processo produtivo.
As consequências dessa orientação do capital financeiro, aparecem claramente na gestão através do "toyotismo" das empresas, que veio substituir a antiga gestão "fordista".
Actualmente, a flexibilidade e a multifuncionalidade são apanágio das novas "empresas rede" em que os accionistas anónimos emprestam ao capital financeiro uma estratégia mundialista que desfaz as veleidades autonómicas das burguesias dos estados-nação.
Nesta mundialização económico-social há uma necessária reorganização territorial que se expressa nas propostas de metropolização urbanística e nas morfologias supra-modernistas da arquitectura dos nossos dias.
A globalização, ou seja a nova etapa da mundialização capitalista dirigida pela nova coordenação internacionalista dos grandes monopólios, exigiu uma igualização massificadora de modos de vida, de "cultura" global e consumismos igualizadores. Nas grandes superfícies comerciais e nas grandes produções mediáticas de "enterteinment" passam modelos homogeneizadores de modos de vida e pensamento único.
Contudo, à homogeneização mundialista das grandes empresas cada vez mais concentradas na mão de minorias proprietárias, contrapõe-se a fragmentação do mundo cada vez mais desigual.
Enquanto se concentram as riquezas em fracções cada vez mais restritas da população, aumentam os marginalizados nas sociedades economicamente dominantes. E, enquanto zonas geopolíticas esbanjam e ostentam mais riqueza, aumenta o fosso da pobreza e destruição noutras áreas do globo.
Os antagonismos essenciais da natureza injusta do capitalismo mantêm-se. Agravam-se até, muito embora os mecanismos de regulação aparentem "resolver" os sintomas da crise larvar e estrutural da sociedade baseada na exploração e lucro.
A globalização não corresponde pois a uma solução estrutural da sociedade.
Apresenta-se como uma reformulação na gestão desses antagonismos estruturais. E, se em certos locais esses sintomas de crise parecem estabilizar-se é porque noutros domínios a brecha está a agravar-se.
Ora, uma das rupturas que mais se manifesta é gerada pela contradição entre este modelo produtivo do capitalismo (civilização baseada na exploração de energias fósseis e numa tecno-ciência poluitiva e destruidora de bens naturais) e a biosfera cujos recursos são limitados e cuja capacidade de reciclagem não se coaduna com a velocidade e a forma destruidora desse modelo urbano-tecnológico.
Chamaremos "planetarização" à consciência ecológica cada vez mais alargada das populações face ao ritmo destruidor dos ecosistemas, produzido pelo modelo civilizacional actual.
Esta planetarização constitui uma força cada vez mais presente nas aspirações das populações e será um factor de mobilização crescente contra o processo da globalização, transportando as aspirações mais significativas de mudança civilizacional.
Interessa, desde já, mostrar alternativas eco-técnicas e eco-tópicas que, articuladas e inseridas nas lutas cívicas, revelam a vontade de realizar novas alternativas no território.
É preciso, cada vez mais, que as lutas cívicas se traduzam em dispositivos topológicos alternativos às morfologias carcerais e alienantes do território actual.
É preciso que as escolas de arquitectura e urbanismo ultrapassem o ensino de propostas de carácter formalista. São necessários projectos que não sejam apenas a expressão duma oratória morfológica ao discurso do poder.
É necessário que os técnicos e cientistas estabeleçam rupturas na tecno-ciência revelando alternativas eco-técnicas: protótipos de produção de energias alternativas, motores de energias renováveis, biotecnologias de reciclagem de lixos, etc.
É cada vez mais necessário que experiências exemplares irrompam, não como "guetos" utópicos mas como experiências dinâmicas que ganhem, cada vez mais, largos sectores da população.
As eco-polis, as eco-aldeias, as cidades educadoras, são propostas já existentes que contêm ideias, realizações e estímulos para um processo-estratégia, que dê expressão a novas aspirações e que acabe com a resignação reinante da submissão à globalização neo-liberal que anda por aí à solta.
Jacinto Rodrigues - Professor Catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Texto previamente publicado no Jornal "a Página" nº 94 de Setembro 2000
Bibliografia
«Tornar Possível o Impossível», Marta Harnecker, Ed. Campos das Letras, 2000
«Metapolis ou l'Avenir des Villes», François Ascher, Ed. Odile Jacob, Paris, 1995
«Naturaleza y Ciudad », Michael Hough, Ed. G.G., 1998
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