sexta-feira, novembro 09, 2007

"Boassas - Uma aldeia com história"... o livro


Vai, finalmente, ser editado no próximo mês de Dezembro o livro "Boassas. Uma aldeia com história". A APOBO associa-se ao lançamento através da sua divulgação. Assim, os associados que reservem até 30 do corrente um ou mais exemplares da obra beneficiarão de um desconto de 20% sobre o preço de capa.
Para efectuar reserva ou obter mais informações:
Telemóvel: 968175718 ou 919346388

domingo, outubro 07, 2007

TGV - "TRAVAR PARA PENSAR"

Chegou-nos por "e-mail" o seguinte texto que consideramos de grande acutilância e pertinência. Transcrevemo-lo, com a devida vénia ao autor, apesar de não estar assinado. O texto chama-se:

*Travar para pensar*

"Há uns meses optei por ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dei comigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.

Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.

Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza.

A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.

Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos, nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos).

É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País.

Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um).

Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

CABE ao Governo REFLECTIR.

CABE à Oposição CONTRAPOR.

CABE AOS CIDADÃOS MANIFESTAREM-SE!!!

CABE À TUA CONSCIÊNCIA REENCAMINHAR OU DEIXAR FICAR!!!"

terça-feira, setembro 11, 2007

A vida e obra do Padre Himalaya, hoje na RTP2


A intuição do Padre Himalaya, de que a energia solar e outras energias renováveis poderiam vir a tornar-se as energias do futuro, tornaram-no pioneiro daquilo que hoje se pode definir como desenvolvimento ecologicamente sustentado.

Em 1904 em St. Louis, Missouri, EUA, muita gente admirava a gigantesca estrutura de aço, onde milhares de espelhos reflectiam a luz do sol, e 80 m2 de superfície obtinham 3500º de temperatura. O pireliófero do Padre Himalaya fazia entrar Portugal na história das energias renováveis, há mais de cem anos.

Assim, em 1904, um português, conhecido como Padre Himalaya, recebia o "Grand Prix" na Exposição Mundial de St. Louis, nos EUA, por um engenho - chamado pireliófero - que utilizava a energia solar para derreter rochas e metais.

A obra do Padre Himalaya foi redescoberta em meados dos anos 90 pelo Professor Doutor Jacinto Rodrigues, que editou então um livro chamado "A Conspiração Solar do Padre Himalaya"...

O documentário recentemente realizado por Jorge António irá passar hoje, pelas 23,30h, na RTP2. A não perder!!!!...

sexta-feira, maio 18, 2007

Construir em madeira


“A madeira é um material altamente reutilizável, aproveita a energia solar e o CO2 atmosférico para a sua geração e, por sua vez, consome pouca energia para a sua transformação sem produzir no seu processo resíduos contaminantes.

O aproveitamento construtivo de madeiras certificadas retira por grande período de tempo grandes quantidades de CO2 atmosférico (1,8 Tm.de CO2 por cada Tm. de madeira) o que facilita o cumprimento dos compromissos de Kioto sobre as alterações climáticas. O aproveitamento dos produtos florestais com gestão certificada melhora os bosques e possibilita um maior desenvolvimento social do mundo rural.”

Tradução livre do texto extraído do 1.º concurso da Cátedra de la Madera de Castilla y León “Construir con Madera” (www.uva.es/agoras.arq)

Nota: Em Portugal a construção em madeira é apenas residual, no entanto somos dos maiores consumidores mundiais de betão. Sintomático disso mesmo é o facto de o concurso português mais importante ser patrocinado por uma empresa de cimento... Por outro lado há também um preconceito e ignorância enraízados sobre este (tão nobre) material.

segunda-feira, março 19, 2007

Crescimento, decrescimento sustentável e desenvolvimento ecologicamente sustentável. (Parte I)

Introdução

É frequente considerar-se a questão ecológica como uma problemática dos países ricos. Mas é cada vez mais insustentável tal cegueira, pois esta questão é da maior pertinência e diz respeito à humanidade inteira. Há alguns dias, estiveram reunidos em África, no Quénia, na cidade de Nairobi, entre o dia 6 e 17 de Novembro de 2006, mais de 6000 delegados de quase todos os países do mundo que procederam a uma reflexão sobre a mudança climática no planeta. O vice-presidente do Quénia, Moody Awori, declarou que a mudança climática é uma das ameaças mais graves à qual a humanidade foi confrontada.

Há alguns dias, o ex-vice-presidente e ex-candidato à presidência dos E.U.A., Al Gore, apresentou um filme “Uma verdade que incomoda” em que são referenciadas eventuais catástrofes ecológicas, resultantes, nomeadamente, de perturbações climáticas, se não mudarmos, nos próximos 10 anos, o actual modelo de crescimento económico.

Também, há poucas semanas, o Relatório do economista do Banco Mundial, Nicolas Stern, alertava para uma crescente subida de temperatura no planeta, fazendo prever graves consequências se não se proceder a mudanças estruturais.

É dramático constatar-se que a África, embora seja o continente menos responsável por este modelo de civilização tecnológica imposto a partir do ocidente, é hoje a região mais vulnerável do planeta, como afirmaram os congressistas de Nairobi.

Os efeitos da mudança climática conjuntamente com as consequências negativas dos processos agro-industriais e urbanos implantados em África e o saque dos bens naturais, são hoje cada vez mais visíveis:

a) O lago do Chade (um dos maiores do planeta) tem hoje 1/10 da superfície que tinha em 1963;

b) As zonas húmidas do Quénia e as neves do Kilimanjaro, estão a desaparecer, prevendo-se perturbações climáticas na zona;

c) As epidemias como a malária, cólera, desinteria, sida, etc. dizimam largos sectores da população;

d) Várias catástrofes (inundações diluvianas ao mesmo tempo que desertificações incontroláveis) assolam o continente africano já ferido por guerras e deslocações massivas da população;

É neste contexto que Wansari Muto Maathay, Prémio Nobel da Paz em 2004, criou o movimento cinturão verde plantando, num gesto simbólico e concreto, mais de 30 milhões de árvores, graças, sobretudo, à abnegação e esforço das mulheres africanas.

Esta professora universitária do Quénia, cientista e militante ecológica, declarou que a defesa do meio ambiente é, hoje, o caminho para a Paz. Referiu, no III Forum Internacional de Comunicação, que “precisamos de elevar o nível da nossa consciência moral e ter uma perspectiva ética em relação aos recursos naturais...Os países ricos exploram os recursos naturais dos pobres e os poucos ricos dos países pobres fazem o mesmo. A nossa forma de lutar contra a pobreza é lutar contra esta forma de hiperconsumo, não apenas no mundo industrializado, mas também nos países em desenvolvimento onde lamentavelmente estamos copiando o mundo rico em detrimento do nosso povo. Se seguirmos por este caminho corremos um enorme risco...

É necessário tomar consciência do risco e da gravidade da situação, deixar de pensar apenas nas vantagens a curto prazo para promover políticas de longo prazo.”[1]

Nos últimos anos o discurso da filosofia, no ocidente, parece ser cada vez mais consensual no sentido de pretender ultrapassar o paradigma mecânico newtoniano, através dum pensamento ecologizado que faça ressaltar a achega sistémica e a abordagem da complexidade. Emerge assim uma nova coerência paradigmática, científica e experimental. Até mesmo na vida quotidiana este pensamento ecologizado ganha cada vez mais pertinência. O que está a mudar?

Tomando Descartes (1596-1650) como pensador paradigmático do mecanicismo, podemos, no Discurso do Método[2], revelar a concepção do mundo que vem do séc. XVII até aos nossos dias.

Resumem-se em 5 pontos as linhas essenciais dessa concepção do mundo:

  1. O reducionismo, que pretende separar as partes do todo;
  2. A identidade analítica, que estabelece limites definidos;
  3. A não contradição e o terceiro excluído, que fundamentam o discurso binário da mecanicidade;
  4. O causalismo linear, que tende a explicar pelo passado e duma forma determinística o presente e o futuro, excluindo as forças endógenas no processo evolutivo;
  5. As etapas do progresso social, sempre evoluindo linear e automaticamente, como resultado do progresso técnico-científico assente na miragem de recursos naturais, sem limites.

Volvidos cerca de 350 anos sobre esta referência cartesiana, a obra de Edgar Morin[3] publicada na década de 70/80 do séc. XX, revela o paradigma emergente em que vivemos opondo aos 5 pontos cartesianos os seguintes fundamentos do novo pensamento orgânico:

  1. A complexidade explicita um novo olhar onde não é possível compreender os fenómenos sem a relação do uno e do multiplex;
  2. O dialogismo ou a interacção simbiótica revela o fim das fronteiras, mostrando uma realidade dinâmica que não se compadece com o positivismo estático da anterior concepção;
  3. A contradição, a diferença e a biodiversidade constituem um elemento essencial para conhecer a realidade;
  4. O processo circular entre causa e efeito, sistemicamente interactivos, e que se opõe à explicação do determinismo linear;
  5. A crítica reflexiva trazendo o abandono das grandes narrativas metafísicas e exigindo uma pilotagem permanente da consciência sobre os processos fenomenológicos. Em vez de grandes explicações totais prefere-se uma fenomenologia processual e crítica, permanentemente auto-avaliada.

Estas novas preocupações estão ainda longe de serem consensuais.

Gregory Bateson,[4]um dos pioneiros do pensamento ecológico, refere que esta concepção se desenvolve com a interacção dos interlocutores numa constante e sistémica descodificação mútua entre emissor e receptor. Como o pensamento ecológico é dinâmico vai-se metamorfoseando com o impulso endógeno e a ressonância externa. Não é uma revelação caída do céu. Resulta duma simbiose entre as pessoas e da interacção dessas pessoas com o meio envolvente. Assim, este novo processo morfogenético faz-se numa problemática de complexidade sistémica na medida em que os saberes e competências se vão adaptando e mudando nos processos civilizacionais. A reforma do pensamento[5] vai-se assim revelando face à mudança da sociedade e das instituições, ao mesmo tempo que intervém sobre elas. Daqui resulta a criação sucessiva de coerências, ou seja, de formas paradigmáticas. Porém, esses paradigmas voltarão a metamorfosear-se sem contudo desaparecerem as formas de consciência e pilotagem dessas novas metamorfoses. Deste modo é possível um trabalho de reflexão e organização sobre o próprio pensamento. Esta atitude epistemológica desenvolve metodologias e horizontes do saber que permitem uma inteligência colectiva, inteligência simbiótica que, como nos diz Pierre Levy, mutualiza conhecimentos. Refere ainda Levy que a noção de ecosistema é particularmente interessante porque permite pensar, simultaneamente, na interdependência do mesmo espaço unitário, a diversidade, a evolução e a mudança. “Torna-se assim possível seguir integralmente os ciclos de transformação no universo simbólico (cultural) em vez de procurarmos na finalidade imediata do circuito disciplinar.”[6]

Dito de outro modo, é estabelecer uma forma interactiva do pensar que articule o diacrónico e o sincrónico, o universal e o local, o aqui e agora na metamorfose sequencial dos processos evolutivos.

Esta rede da inteligênca colectiva religa abstracto e concreto, permitindo um olhar macroscópico tal como desenvolveu Joel Rosnay[7]

Estas são as novas premissas, que dão maior coerência ao paradigma emergente em que vivemos. É preciso, no entanto, desenvolver esta nova maneira de pensar com o religar conhecimentos[8], tal como tem vindo a ser propalado pelos filósofos da complexidade e da sistémica, Edgar Morin[9], Basarab[10], Rosnay e outros. É ainda de referir a necessidade de constituir uma “nova visão do mundo” como assinala Basarab Nicolescu.[11]

Basarab mostra-nos como a nova visão do mundo terá que se constituir a partir da intersecção de diferentes domínios do saber. Por isso, diz-nos que a disciplinariedade, a pluridisciplinariedade, a interdisciplinariedade e a transdisciplinariedade não são antagónicas: constituem “as quatro flechas dum só e mesmo arco do conhecimento”[12].

Este novo paradigma abre-se para o descontínuo da física quântica, mostrando a existência de vários níveis da realidade que funcionam com lógicas diversas. Tal como Bachelard, Habermas e Lupasco admitiram, as ciências ético-normativas, o humanismo estético-expressivo e o pensamento técnico-operativo, possuem lógicas diversas que caracterizam modos diferentes da apreensão da realidade: compreender, descrever e explicar explicitam registos diferenciados sobre fenómenos e vivências da realidade complexa.

Humberto Maturama e Francisco Varela[13], no seguimento do trabalho de Prigorgine, mostram-nos como os seres vivos se caracterizam pelo facto de se auto-construirem constantemente. Este facto, a que os dois biólogos chilenos chamaram “autopoïese”, revela-nos que nos sistemas vivos existe “uma rede fechada no plano da organização. No entanto, em relação ao exterior a rede é aberta, assegurando a circulação da matéria e energia necessárias à manutenção da sua própria organização e à regeneração contínua da sua estrutura.”[14]

Esta abordagem afasta-nos da concepção dum universo totalmente previsível. É uma abertura para a incerteza mas também para a possibilidade duma construção criativa.

Esta forma de pensamento foi concomitante com o desenvolvimento da ecologia. A ecologia, em constante metamorfose, tem vindo a constituir-se como uma teoria científica explicitada do seguinte modo:

a) É uma abordagem sistémica e transdisciplinar;

b) É uma fenomenologia da complexidade;

c) É uma fundamentação dos ecosistemas, baseada na circularidade dos metabolismos e não no determinismo linear, típico das máquinas;

Foi Vernadsky[15], com o livro sobre a biosfera - tese que defendeu em França durante os anos 20 - quem conceptualizou a vida do planeta como uma totalidade. Esta concepção abriu a porta para a teoria dos ecosistemas, considerando assim a vida, como um conjunto indivisível – a biocenose – que se insere (em condições específicas) na matéria bio-inerte, o biótopo.

O desenvolvimento da ecologia foi um longo processo. Desde o seu aparecimento formal, atribuído a Haeckel (a 1ª pessoa a utilizar o termo ecologia) desenvolveram-se muitas contribuições para esta teoria científica. A contribuição de Tansley permitiu a melhor compreensão do estudo dos ecosistemas marinhos e lacustres. Os ciclos bioquímicos da ecologia foram objecto de várias contribuições como Odum e outros. Por outro lado, a teoria dos sistemas de Von Bertalanfy, Neumann e Gregory Bateson alargou as perspectivas metodológicas à investigação ecológica.

Abel Wolman foi um dos primeiros cientistas a trabalhar sobre a sistémica dos fluxos urbanos e nos territórios em geral. Muitos são hoje os especialistas desta temática como por exemplo Giorgio Nebia, Virginio Bettini[16] e outros.

Por outro lado, as investigações sobre os ecosistemas fechados como a reconstituição artificial de ecosistemas que se automantêm, levaram às experiências de Clair Folsome que, nos anos 60, realizou as ecosferas, miniaturas simplificadas da biosfera. Trata-se de um pequeno aquário (uma bola de vidro com água, um pouco de terra e ar) onde uma pequena alga serve de alimento a camarões minúsculos (crill) cujos dejectos servem de alimento à alga e que, por sua vez, são decompostos por pequenas bactérias no ciclo geral de produtores, consumidores e decompositores.

As modelizações destes ecosistemas fechados permitiram muitos estudos aos cientistas russos e americanos, empenhados nas pesquisas sobre naves espaciais.

A experiência mais conhecida foi a da Biosfera 2. Oito “bionautas” viveram num mundo miniatura (uma estufa gigante com 1,2 hectares e com biomas miniaturizados) onde bactérias, vírus, fungos, plantas e animais viviam interligados em ecosistemas complexos.

Isto permitiu o estudo dos processos retroactivos entre as várias comunidades e o biótopo ali preparado.

A experiência da Biosfera 2, tendo embora falhas, permite ainda hoje o estudo significativo destes modelos e simulações úteis ao conhecimento da natureza e do ecosistema, dos fluxos energéticos e do metabolismo circular, muito embora não se deva confundir tais experiências laboratoriais com a realidade dos ecosistemas abertos.

Foram contudo estas experiências que contribuíram para os trabalhos de John Todd que desenvolveu processos de bioregeneração dos ecosistemas.

John Todd, a partir das experiências iniciadas no New Alchimist Institut, criou conjuntos de ecosistemas para a biodepuração de águas residuais. Estas e outras experiências, resultantes da observação de processos da natureza e do conhecimento botânico de certas espécies filtrantes, levaram à realização de inúmeros modelos. Desde as biotecnologias da chamada “bioremediation” até aos jardins filtrantes e aos jardins úteis e agradáveis, sucedem-se uma longa lista de experiências que têm permitido o tratamento biológico das águas usadas, de uma forma cada vez mais perfeita (permitindo a sua revitalização em água potável) e em contextos paisagísticos com preocupações estéticas.

Trata-se de uma visão cada vez mais clara da problemática ecológica e da especificidade de um funcionamento vivo dos ecosistemas[17].

(Fim da 1.ª parte)

Professor Doutor António Jacinto Rodrigues (catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universiade do Porto) 2007

[1] http//www.rvb.jor.br/wangari.htm

[2] R. Descartes, “Discours de la Méthode”, Ed. Pléiade

[3] Edgar Morin, “La Méthode”, Ed. Seuil, Paris

[4] Gregory Bateson, “Vers une ecologie de l’esprit”, Ed. Seuil, Paris 1977

[5] Edgar Morin, “Reforma do Ensino”, Ed. Inst. Piaget, 2002

[6] Pierre Levy, “Cyberdemocracy”, Ed. Odile Jacob, Paris, 2002

[7] Joel Rosnay, “Le Macroscope”, Ed. Seuil, Paris, 1975

[8] vários autores”Relier des connaissances”. Ed. Seuil, Paris

[9] Edgar Morin, “Introdução à Complexidade”, Ed. Piaget, “Reformar o Pensamento”, Ed. Piaget,

[10] Basarab Nicolescu, “Manifesto da transdisciplinariedade”, Col. Trans, Brasil, 2001

[11] idem

[12] Basarab Nicolescu, “Transdisciplinarity-transdisciplinarité”, Ed. Hugin,Univ.Évora, Inst.Sup.Cabo Verde, 2000

[13] Ver A. Mathiew, L’Agora, vol. 4, nº3, 1997

[14] Idem

[15] Vladimir Vernadsky, “Biosphere”, Ed. Felix Alcan, 1929

[16] Organização de Virginio Bettini, “Elementos de ecologia urbana”, Ed. Trotta, Madrid, 1998

[17] Jacinto Rodrigues, “Sociedade e Território-Desenvolvimento Ecologicamente Sustentado”, Profedições, Porto, 2006

segunda-feira, março 05, 2007

Tanto para (re)aprender...

Carta de um índio ao Presidente James Monroe (Presidente dos Estados Unidos da América de 1817 a 1825)

«O Grande Chefe de Washington mandou fazer-nos saber com palavras de boa vontade que nos quer comprar as terras. Muito agradecemos a sua atenção, pois sabemos demasiado bem a pouca falta que lhe faz a nossa amizade.
Queremos considerar esta oferta porque também sabemos demasiado bem que, se o não fizéssemos, os caras pálidas nos arrebatariam as terras com armas de fogo.
Mas, como podeis comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Esta ideia parece-nos estranha. Nem a frescura do ar, nem o brilho das águas nos pertencem. Como poderiam ser comprados? Deveríeis saber que cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. A folha verde, a praia arenosa, a neblina no bosque, o amanhecer entre as árvores, os pardos insectos... são experiências sagradas e memórias do meu povo.
Os mortos do Homem Branco esquecem a sua terra quando começam a viagem através das estrelas. Os nossos mortos, pelo contrário, nunca se afastam da terra, que é a mãe. Somos uma parte dela, e a flor perfumada, o veado, o cavalo e a águia majestosa são nossos irmãos. As encostas escarpadas, os prados húmidos, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencem à mesma família.
A água cristalina que corre pelos rios e ribeiros não é somente água, também representa o sangue dos nossos antepassados. Se vo-la vendêssemos, teríeis que recordar que são sagrados e ensiná-lo aos vossos filhos.
Também os rios são nossos irmãos porque nos libertam da sede, arrastam as nossas canoas, procuram-nos os peixes. E além do mais, cada reflexo fantasmagórico nas claras águas dos lagos relata histórias e memórias da vida das nossas gentes, o murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. Sim, Grande Chefe de Washington, os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede, são portadores das nossas canoas e alimento dos nossos filhos. Se vos vendermos a nossa terra teríeis que recordar e ensinar aos vossos filhos que os rios são nossos irmãos e também seus. É por isso que devemos tratá-los com a mesma doçura com que se trata um irmão.
Claro que sabemos que o homem branco não percebe a nossa maneira de ser. Para ele um pedaço de terra é igual a outro pedaço de terra, pois não a vê como irmã, mas sim como inimiga. Depois de ela ser sua, despreza-a e segue o seu caminho.
Deixa para trás a campa dos seus pais sem se importar. Sequestra a vida dos seus filhos e também não se importa. Não lhe importa a campa dos seus antepassados nem o património dos seus filhos esquecidos. Trata a sua mãe terra e seu irmão firmamento como objectos que se compram, se exploram e se vendem, tal como as ovelhas ou as contas coloridas. O seu apetite devora a terra deixando atrás de si um completo deserto.
Não consigo entender. As vossas cidades ferem os olhos do Homem Pele Vermelha. Talvez seja porque somos selvagens e não o podemos compreender. Não há um único lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desenrolar das folhas ou o rumor das asas de um insecto na Primavera.
Talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo bem as coisas. O barulho da cidade é um insulto para o ouvido. E eu pergunto-me “Que tipo de vida tem o homem que não é capaz de escutar o grito solitário de uma garça ou a discussão nocturna das rãs ao redor de uma jangada?”. Sou um Pele vermelha e não o consigo entender. Nós preferimos o suave sussurro do vento sobre a superfície de um lago e o odor deste mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros.
Quando o último Pele Vermelha tiver desaparecido desta terra; quando a sua sombra não for mais que uma lembrança como a de uma nuvem que passa pela pradaria, mesmo então estes ribeiros e estes bosques estarão povoados pelo espírito do meu povo. Porque nós amamos este país como uma criança ama os batimentos do coração da sua mãe.
Se decidisse aceitar a vossa oferta teria que vos sujeitar a uma condição: que o homem branco os animais desta terra como irmãos. Sou selvagem e não compreendo outra forma de vida.
Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo, abandonados nas pradarias, abatidos a tiro pelo homem branco que dispara de um comboio, que passa. Sou selvagem e não compreendo como uma máquina fumegante pode ser mais importante que o búfalo, o qual apenas matamos para sobreviver.
O que é o homem sem os animais? Se os animais desaparecessem o homem morreria de uma grande solidão. Tudo o que acontece aos animais acontecerá também ao homem brevemente. Todas as coisas estão ligadas.
Devíeis ensinar aos vossos filhos o que nós ensinámos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem em si mesmos.
Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra algum dia: a Terra não pertence ao Homem, é o Homem que pertence à Terra. Tudo está interligado, como o sangue que une uma família. O Homem não teceu a trama da vida. Ele é apenas um fio. O que faz com essa trama fá-lo a si próprio. Nem sequer o Homem Branco, com quem o seu Deus passeia e fala de amigo para amigo, está isento do destino comum. Depois de tudo, talvez sejamos irmãos. Logo veremos.
(...) Também os brancos se extinguirão, talvez antes das outras tribos. O homem não teceu a rede da vida. É apenas um desses fios e está a tentar a desgraça se ousa destruir essa rede.
Tudo está ligado entre si como o sangue de uma família. Se sujardes o vosso leito, uma noite morrereis sufocados pelos vossos excrementos.
Mas vós caminhareis até à destruição, rodeados de glória e esplendor pela força de Deus, que vos troxe a esta terra e que por algum especial desígnio vos concedeu domínio sobre ela e sobre o Pele Vermelha. Esse desígnio é um mistério para nós, pois não entendemos porque se exterminam os búfalos, se domam os cavalos selvagens, se enchem os recantos secretos de um bosque com o hálito de tantos homens e se cobre a paisagem das exuberantes colinas com fios faladores.
Onde está o bosque denso? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
Assim se acaba a vida e só nos resta a possibilidade de tentar sobreviver.»

Texto extraído da revista «Ecos do ambiente, n.º 3, Fevereiro de 2000 - Revista do Geonúcleo - Núcleo de ambiente da Universidade Fernando Pessoa»

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Os dez mandamentos da água











1.º - Amarás a Água como o bem mais singular do nosso belo planeta azul.

2.º - Não esbanjarás a Água do planeta azul em vão.

3.º - Respeitarás os rios e o seu curso porque eles encerram tesouros de vida, beleza e harmonia que foram confiados à tua guarda.


4.º - Honrarás o pai oceano e a mãe fonte porque no seu seio foste gerado.


5.º - Não sonegarás aos vindouros o direito a usufruir da Água já que sem ela não poderão sobreviver.


6.º - Protegerás a pureza da Água não só nas palavras como nos actos.


7.º - Não furtarás a Água do teu vizinho pois não és dono da grande casa do mundo.


8.º - Não inventarás falsas desculpas, nem te refugiarás na ignorância; o conhecimento do ciclo da Água está ao teu alcance e perpetuá-lo é o teu dever.


9.º - Não degradarás a Água enquanto ancestral fonte de prazer e inspiração nem enquanto promessa viva de novas riquezas.


10.º - Não privarás os seres aquáticos que nela vivem, agindo como patrão da natureza quando és apenas um elo na sua cadeia.


Fundação Nova Cultura da Água

Com agradecimento ao "blogue" Esteira do Ambiente

Encyclopedia of Earth - A Enciclopédia da Terra

Chama-se "Enciclopédia da Terra" e é um novo endereço da rede sobre o planeta Terra, o seu ambiente natural e a sua interacção com a sociedade. É um endereço gratuito, em que rapidamente se podem pesquisar artigos escritos por professores; cientistas; profissionais; educadores e especialistas que colaboram em vários trabalhos conjuntos. Os artigos são escritos em linguagem não-técnica e de fácil acesso tanto para estudantes, professores, educadores e profissionais, como para o público em geral.
"The Encyclopedia of Earth, a new electronic reference about the Earth, its natural environments, and their interaction with society. The Encyclopedia is a free, fully searchable collection of articles written by scholars, professionals, educators, and experts who collaborate and review each other's work. The articles are written in non-technical language and will be useful to students, educators, scholars, professionals, as well as to the general public."